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terça-feira, 13 de abril de 2010

Meu Nome é Trinity - 1970


Ah, Terence Hill e Bud Spencer... Uma espécie de "O Gordo e o Magro" italianos, esses dois animaram muitas "Sessões da Tarde" do povo brasileiro. Com Hill sendo sempre o espertalhão, sorridente e Spencer o brutamontes, seus filmes são lembrados com muito carinho por todos nós que cresceram acompanhando suas aventuras, sempre recheadas de muito bom humor e algumas doses de pancadaria.

Nessa comédia no velho oeste,produção italiana de 197o dirigida por E.B. Clutcher (pseudônimo de Enzo Barboni), Trinity (Hill) é um pistoleiro que vaga solitário com seu cavalo que um dia vai parar numa cidadezinha onde reencontra Bambino (Spencer), seu meio-irmão, trabalhando como xerife. Na verdade Bambino é um ladrão de cavalos fugitivo que tomou o distintivo do verdadeiro xerife substituto por pensar que estava sendo perseguido por este. Então ele decidiu ficar em seu lugar apra não chamar a atenção e esperar seu bando, para voltarema ativa.

Bambino não fica nada feliz em rever seu "querido" irmão, desconfiado de que sua presença na cidade poderia lhe causar problemas. E o barbudo estava certo: em pouco tempo, Trinity conhece duas lindas mulheres que moram num povoado próximo a cidade e se mete numa briga entre o ambicioso Major Harriman (Farley Granger), que possui total controle da cidade, contra esse bando de humildes camponeses mórmons, de onde elas fazem parte, que resolvem se instalar num terreno próximo da cidade, que o cruel major deseja tomar para criar sua extensa criação de cavalos. E o carismático e ousado pistoleiro decide ser a pedra no sapato do infeliz, e acaba trazendo seu irmão, que a contra-gosto resolve ajudar.
Nessas horas eu fico pensando quem é mais legal, Terence Hill ou Bud Spencer?

Embora eu provavelmente tenda a curtir mais o segundo (um dos gordos mais durões de todos os tempos!) é Hill quem faz a trama acontecer. Embora eu tenha visto poucos faroestes italianos, seu personagem é provavelmente o cowboy mais sujo do cinema italiano que existe, e olha que os caras são expert nessa arte de anti-heróis pouco higiênicos! O cara anda vestindo trapos, parecendo quase um mendigo, é um vagabundo irredutível e sem dúvida um espírito de porco. Sua química com Bud Spencer é excelente, aliás Bud está maravilhoso como o invocado Bambino, destilando todo seu humor, ou melhor, mau humor com relação a presença do "maninho querido".



Chama atenção também a força descomunal de seu personagem (aliás, ele sempre faz personagens estúpidamente fortes em seus filmes), como na cena em que ele encara na mão os capangas do major após um comentário maldoso a respeito da vida sexual de sua mãe. O que não passou de mera desculpa para desestressar, já que tanto ele quanto Trinity são literalmente dois filhos de uma, digamos, profissional do ramo do entretenimento adulto (chamar de puta é feio...).

Aliás, o filme apresenta cenas de pancadaria bem bacanas, que é um dos motivos de eu curtir tanto o trabalho deles. Fala sério, deixar os dois fora de qualquer lista de grandes machões do cinema pra mim é crime! Eles já devem ter batido em mais gente nos seus filmes do que muitos astros do cinema de ação hollywoodiano. Nesse filme, embora as lutas não sejam tão bem coreografadas assim (até porque estamos falando de uma produção italiana de 70) elas são bem energéticas e muito divertidas.

Em especial uma grande seqüência de porradaria que acontece ao fim do filme, onde os irmãos, os membros da gangues de Bambino e os mórmons saem no braço contra a gangue do major e a do mexicano Mescal (ora, e seria um spaghetti sem um mexicano sujo, burro e barulhento?) se enfrentam por ininteruptos 6 minutos! Aliás, esse Mescal (Remo Capitani, hilário) é uma figura, e tem uma cena bem engraçada envolvendo ele e sua gangue abusando da hospitalidade dos mórmons e levando um dos famosos tapões do poderoso Bud.

Aliás, vale a pena destacar que a partir desse filme, várias comédias de faroeste surgiram, revitalizando o cinema de faroeste italiano, que também serviu para alavancar internacionalmente os dois atores, e originou uma seqüência, Trinity Ainda é Meu Nome (They Still Call Me Trinity), de 74.

Esse papel marcou profundamente Terence Hill, e vários de seus filmes foram lançados em outros países com Trinity no título, mesmo que o filme não tivesse o personagem. Prática muito comum, especialmente se tratando de cinema italiano, vide quantos supostos filmes do Django e do Sartana existem por aí (até mesmo um suposto encontro entre os dois foi lançado!).



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