Lançamento para o Dia 20/09(Terça-Freira)
Embora seja claramente uma série direcionada a adultos, especialmente pelo nível elevado de violência, Gears of War 3 tem
muito daquela fantasia infantil típica de garotos em crescimento,
envolvendo luta, armas e monstros. Todos os elementos estão ali: a
irmandade, a coragem e o companheirismo dos guerreiros brutamontes, a
força e a adrenalina dos combates explosivos e viscerais e a luta do bem
contra o mal, representada pela batalha contra a raça alienígena
Covenant. Digo, Chimera. Aliás, Helgast. Ou melhor, Locust. Ah, tanto
faz.
Durante aproximadamente três horas, pude experimentar boa parte da
campanha individual (e um pedacinho do modo cooperativo) de Gears of War
3 à convite da Microsoft. Para a minha surpresa, como
alguém que nunca se interessou muito pela série, jamais imaginaria que
sairia dali com uma vontade incontrolável de chegar até o fim, tamanha a
minha empolgação.
- Multiplayer de Gears of War 3 combina brutalidade e senso de equipe
Uma guerra emocionante
Os primeiros minutos da campanha são enigmáticos: um combate intenso e
dramático contra uma criatura gigantesca enquanto o imenso cenário ao
redor se desfaz, quase que metaforicamente. Ao fundo, uma
narração anuncia uma busca do herói Marcus Fenix pelo seu pai que, ao
contrário do que se imaginava, está vivo.
Assim, com um sonho, a nova aventura gira em torno de uma busca
esperançosa em cenários devastados pela guerra, onde poucos humanos
sobrevivem em pequenos grupos. A sensação é de desolação, de uma guerra
perdida para o inimigo, bem como em Halo: Reach ou Resistance 3 - séries que têm muito em comum com Gears of War.
Toda a ação está intercalada com sequências animadas excepcionalmente bem dirigidas, que mostram todo o poder da Unreal Engine 3, que está melhor do que nunca. Nada até o momento se equipara às animações e expressões faciais de Gears 3, pelo menos no Xbox 360.
A iluminação confere aos cenários já incrivelmente detalhados um nível
de realismo absurdo. É tudo tão bonito, vivo e orgânico que mal tive
tempo para avaliar o quão bem localizadas estavam as legendas em
português.
A ação em si continua bastante familiar a quem já jogou os
anteriores, com um sistema de cobertura extremamente funcional, armas
deliciosamente precisas e impactantes e aquela sensação de estar
controlando verdadeiros tanques de guerra no front, de tão grandes e
pesados que são os personagens.
Sim, além de Marcus Fenix, você controla outros brutamontes durante a
aventura principal, incluindo Cole "Train”, em um dos momentos mais
emocionantes, comoventes e interessantes de toda a série, com um grande
foco em sua história pessoal e seu passado como jogador de futebol
americano de sucesso.
As mulheres, por sua vez, entram no time apenas para adicionar dar
aquele ar feminino que a série nunca teve - convenhamos, Gears é uma
mistura de testosterona com esteróides. Pelo menos até onde eu cheguei, o
jogo praticamente ignorou as mulheres da história (embora a loirinha
Anya Stroud sempre estivesse por lá), se apegando mesmo aos personagens
já conhecidos da famosa equipe de Marcus Fenix.
Convenção dos monstros
Naturalmente, o tiroteio continua sendo o foco de toda a ação, porém a
variedade de situações e objetivos evita que o jogo se torne apenas um
“mate e avance” - ainda que, na verdade, ele seja exatamente isso sem
que você perceba. A cada 15 ou 20 minutos um novo tipo de inimigo
aparece para apimentar as coisas, criando novas possibilidades
estratégias para os confrontos. Alguns explodem quando destruídos,
matando mais criaturas ao redor ou mesmo criando reações em cadeia.
Outros possuem pontos fracos destacados, bem ao estilo Lost Planet.
A Epic não economizou em confrontos contra chefes e criaturas
gigantes e grotescas. Logo nos primeiros minutos, você enfrenta um
monstro bizarro, com aparência de pele derretida, cuja boca escancarada
preenche a tela inteira. Tentáculos gigantes saem do chão, de onde se
desprendem criaturas. Em outras sequências, você mata seres mais
humanoides, mas não menos ameaçadores. A enorme variedade e bizarrice
das criaturas me faz questionar o que os artistas da Epic andam vendo
por aí.
A dificuldade parece estar bem equilibrada, conseguindo manter um
nível de desafio e intensidade sem tornar o jogo frustrante. A munição é
escassa, obrigando o jogador a trocar de armas para sobreviver e
guardar o que possui de melhor em seu arsenal para momentos realmente
difíceis. Raras foram as vezes que travei em alguma parte por não
utilizar uma estratégia adequada e, mesmo quando isso acontecia, o jogo
acertava nos checkpoints, sem me obrigar a passar de uma sequência
inteira novamente, mesmo nos confrontos contra chefes.
Como de praxe, Gears 3 traz ainda algumas sequências especiais "em
trilhos", com o tiroteio acontecendo em cima de veículos em movimento.
Embora visualmente interessantes, com toda a velocidade e ação
intensa, essas partes são basicamente animações interativas, em que as
coisas acontecem quase como se você não estivesse atuando. Mais
interessante são os robôs controláveis, que dão uma boa variada na ação,
incluindo até mesmo alguns quebra-cabeças simples.
O pouco do modo cooperativo em tela dividida que experimentei foi
intenso e divertido, bem como eram nos episódios anteriores, exigindo
uma atuação em dupla e constantemente colocando os dois jogadores em
situações diferentes, de forma que um possa auxiliar o outro à
distância.
Atualmente, não faltam jogos de tiro com monstros, ação cooperativa e
cenários apocalípticos. Embora Gears of War 3 seja exatamente isso,
ele traz um nível de produção tão elevado, que acaba conquistando pelo
espetáculo, polidez e diversão.